A perspectiva dos maias-quichés que produziram o Popol vuh abrange muito mais do que a

história de seu grupo, pois a entrelaça com a de outros povos maias e com a de outras nações

indígenas contemporâneas a eles. Vai além. Aponta que essa história recente, dessa humanidade criada a partir do milho, se concatena com outras idades-mundos, com humanidades e sóis anteriores. Não bastasse essa amplíssima concepção temporal, social e cosmológica, os maias- quichés que escreveram o Popol vuh nos mostram ainda uma ampliação de perspectiva em outra direção: a dos agentes que participam dessas histórias e cosmologias. Além dos deuses e dos humanos, o mundo dos quichés conta com a participação de muitos outros agentes, como seres humanos prodigiosos, mortos, guardiões das florestas, montanhas e rios, animais, vegetais e artefatos. Essas são algumas razões para ler o Popol vuh e empreender uma experiência que é singular, pois nos traz a sensação de adentrar, pouco a pouco, formas de pensamento que surpreendem por enfatizar aspectos inesperados da realidade e construir personagens, tramas, tensões e desfechos narrativos absolutamente originais quando comparados aos que se encontram presentes nas histórias e cosmologias da antiguidade clássica ou judaico-cristã.

Aula 1 – História e cultura maia

Aula 2 – Popol vuh: cosmologia e história maia