Donna Haraway afirma que o Antropoceno é uma estória grande demais, com atores grandes demais. Esse tipo de estória, ela continua, leva ao catastrofismo: já está tudo acabado, não há mais o que fazer. Não há espaço para espécies companheiras aí. Então propõe o Chthuluceno: uma miríade de estórias menores, de devir-com, situadas e simpoiéticas, em que as situacionalidades importem. Importam que estórias estoriam estórias. Não para que haja um consolo, mas porque estórias fazem mundos, concretamente, porque a semiose é material. Importa encontrar e fazer parentes estranhos – afinal, jamais fomos humanos – para a sobrevivência terrestre. Para a fluência naturalcultural da T/terra, na qual vivemos todos em uma grande zona de contato. Filósofa, bióloga, zoóloga, historiadora da ciência, Donna Haraway é apresentada de muitas maneiras. Talvez pudéssemos dizer que se trata de uma polímata. É uma exímia criadora de conceitos. Este curso tem por objetivo apresentar sua obra destacando alguns momentos e conceitos-chave de modo que seu pensamento e idioma se desembaracem (entrelaçando-se) para os participantes). De modo que, da próxima vez que seus parentes estranhos cheguem para jantar, o encontro seja prazeroso.

AULA 1 — Breve apresentação de Donna Haraway. Epistemologias feministas: Primatas como modelos para construção de natureza pela cultura, gênero e marxismo, saberes situados. Quimeras e partos noturnos: ciborgues, monstros, Oncorrata.

AULA 2 — Espécies companheiras. O operador SF/FC (ficção científica, fato científico, (e)speculação feminista, fabulação coespeculativa, até aqui). Zona de Contato. Devir- com. Modos à mesa. Chthuluceno. Simpoiese. Importam que estórias contam estórias.